sexta-feira, 31 de agosto de 2007

Palavras

palavras podem exprimir o que você sente?

palavras
palavras
palavras
palavras

palavras podem exprimir a raiva?
palavras podem exprimir a angústia?
palavras podem exprimir o tesão?
palavras podem exprimir a felicidade?

palavras
palavras
palavras
palavras

palavras podem exprimir o silêncio?
palavras podem exprimir o amor?
palavras podem exprimir a vontade?
palavras podem exprmir palavras?

palavras podem exprimir o que você sente?

A Verdade

A Verdade é como o Sol, te ilumina, mas não a olhe diretamente para ela não te cegar.

"quero ser seu menino" (poesia)

quero ser seu menino

me leve
para seu jardim
para seu paraíso

deixe eu me perder
na sua mata
(linda e perfumada)

sentir aquele seu gosto
que eu sei que nunca mais
vou esquecer

descobrir uma nova sensação
a cada curva do seu corpo

quando te abraço
fico triste por
ser apenas um amigo

como é doce saber
que faço parte
dos seus melhores
e mais quentes sonhos

perto de você
sou apenas um menino

querendo apenas
aprender e curtir
novas e deliciosas brincadeiras
junto com você

quarta-feira, 22 de agosto de 2007

2º Show do Acapulco Drive-In, no antigo Filhos do Vento

Por falar em Rolling Stones, eu lembrei do segundo show que fizemos com o Acapulco Drive-In, que era o João na guitarra e voz, eu no baixo e voz e o Dário na bateria. No primeiro show que fizemos no Abutre's, até que estávamos dosando com mais moderação os clássicos do rock e as improvisações, intervenções e interlúdios noise no meio das músicas. Porém, nesse segundo, no antigo Filhos do Vento, hoje Magic Bus, já começamos o show chutando o balde: uma versão de uns 20 minutos da "Paint It, Black" dos Rolling Stones. Nessa hora eu já vi saindo injuriada do bar, um cara injuriado falando com a namorada e apontando para o bar tipo como se disesse: "olha que horror, vamos embora daqui, assim não dá".

No decorrer do show fomos percebendo que realmente estávamos exagerando; mas não deixamos de fazer ainda algumas improvisações longas e psicodélicas no meio do show. Em uma delas o João ficou fazendo o efeito de glissando (as notas ficam contínuas, tendendo ao infinito) com o auxílio de uma chave de fenda (esta chave de fenda deu o que falar, como vocês notaram adiante no texto; e apesar de se usar uma chave de fenda, o efeito não era agressivo, lembrava mais aqueles sons ambient, com teclados e sintetizadores), enquanto eu no baixo cheio de efeitos ficava fazendo linhas circulares e hipnóticas.

Além da psicodelia, também estávamos tocando algumas músicas com mais energia, e quando eu cantei a versão do Wander Wildner da "Lonely Boy" dos Sex Pistols, um punk que estava bem na frente na platéia falou: "pô, que legal! vocês tocam outras dos Sex Pistols?", e eu falei: "a gente também toca 'Anarchy In The UK' e 'God Save The Queen'"; ele perguntou se poderia cantar, eu falei: "sobe aí". Nem tínhamos ensaiado essas músicas, mas foi na emoção, como diz o grande Dário. Essa hora o show começou a esquentar mais, e começamos a tocar mais pilhados ainda. O final do show foi sensacional e selvagem: estávamos tocando uma versão apocalíptica, barulhenta, longa e com muita improvisação da "I Wanna Be Your Dog" dos Stooges. Depois de cantar, ficamos só fazendo barulho e microfonia, quando aconteceu o mais legal: subiu um cara da platéia no palco, ficou agachado e berrando insanamente, lá em cima do palco.

Músico iniciante toca só pela satisfação e prazer, porque financeiramente, é só prejuízo. O cara não pagou nada, só deu comida e bebida de graça. Antes do show ficamos eu, o João e o Dario comendo uns lanches nervoso e bebendo cerveja até não aguentar mais. Nesse meio tempo, não estava curtindo muito a banda que estava tocando antes, só tocava uns pop rocks convencionais, e tudo muito certinho, então sai um pouco do Filhos do Vento e fui num boteco ao lado que estava bem mais interessante: um cara numa bateria realmente muito tosca, além dele tocar todo duro, para bater na bateria, ele mexia não só a mão inteira, como o braço inteiro, muito engraçado; e o cara da guitarra, tocava uma Tonante com um adesivo de Nossa Senhora, também tosca no limite, desafinada (e um timbre lindo, como os instrumentos de segunda linha costumam ter), e tocavam, pelo que eu me lembro, covers do Raul Seixas, entre outras músicas.

Como eu disse anteriormente, eu disse que mais pra frente falaria da chave de fenda. Pois então... Além do cara não nos pagar para tocar, ele apareceu na casa do João dizendo: "O que foi aquilo? Vocês ficaram fazendo umas barbaridades (esse "barbaridades" num sotaque meio gaúcho) com a chave de fenda e acabaram queimando o amplificador. Vai ficar 50 reais, 25 pra cada um, você e o baixista que usaram os amplificadores". O João acabou pagando o cara, mas eu não, acabou só recebendo 25. Que picareta!!!

Trilha sonora do post: "40 Licks" - Rolling Stones (com destaque para "Let's Spend The Night Together" e "Miss You")

Personalidades - Seu Paulo




Como eu não tenho foto do Seu Paulo (ainda não tinha câmera digital na época em que eu tocava com ele), vai aí uma foto do Charlie Watts, com quem ele se parece. O Seu Paulo foi um baterista que tocou comigo e com o João durante uma época, e pra se ter idéia da idade dele, ele chegou a tocar com o Carlos Gonzaga que cantava aquele rock dos anos 50, "Diana" ("não te esqueças meu amor, que quem mais te amou fui eu"), que provavelmente foi um dos primeiros rocks brasileiros.

Meio baixinho e gordinho, bonachão, gente boa, simpático, solteirão e quase sempre com um sorriso no rosto, gostava bastante de uma pinga com limão, como também de jogos de azar. Muitas vezes ele chegava nos ensaios com um fonão nos ouvidos e walkman. Perguntávamos o que ele estava ouvindo, ele disse que estava ouvindo um jogo de futebol porque tinha jogado na loteria esportiva. Fez uma rifa da sua bateria e ele mesmo ganhou, e depois ainda vendeu a bateria. Pensou que tivesse descoberto uma maneira infalível de ganhar na Loto Fácil, mas para isso precisaria jogar mil reais. Por causa disso, ele sempre me ligava para entrar nesse bolão com duzentos reais. Quando eu perguntava para o João novidades sobre o Seu Paulo, ele sempre dizia que estava juntando esse dinheiro para jogar na Loto Fácil. É, quando finalmente juntou esse dinheiro infelizmente a estratégia não deu muito certo: dos 1000 reais jogados, acabou só recuperando 200 reais, ou seja, perdeu 800.

O melhor do Seu Paulo são as histórias que ele conta, e talvez a melhor seja a que eu vou contar agora. Essa aconteceu quando ele estava fazendo uma turnê com o Carlos Gonzaga na Bahia, não sei se foi nos anos 50 ou 60. Ele estava almoçando com todo o pessoal da banda e um amigo ofereceu para o Seu Paulo escolher entre os dois bifes que haviam sobrado, aí ele escolheu o bife maior, e por ter ficado com peso na consciência, saiu pra andar sem rumo pelas proximidades. Seu Paulo disse que, por nessa época ainda não tinha pavimentação na Bahia, aí ele acabou se perdendo nessa andança. Ele ficou desesperado e fez uma absurda promessa para Deus: se ele achasse o caminho de volta para onde estavam os outros, ele se jogaria de um abismo. Como logo em seguida ele achou o caminho, ele teria que cumprir a promessa. Então, ele voltou à casa, durmiu, e no dia seguinte, teria que se despedir de todos para cumprir sua promessa, inclusive de uma namorada que ele tinha na época e gostava muito, chegou na porta da casa e, acenando, disse: "Adeus!", claro que ninguém entendeu nada. Quando ele achou o que queria, ficou só de cueca e se jogou num abismo numa pedreira que tinha lá perto. Por sorte, havia uma árvore no meio do caminho e a queda não foi tão grave.

Tem uma outra história dele que eu não lembro bem que ele fala que foi para os bares perto das docas do porto de Santos sentava perto do pessoal que tocava lá para aprender a tocar alguns outros ritmos na bateria.

Seu Paulo também chamava a atenção pelas frases de impacto, às vezes estávamos conversando um assunto qualquer e de repente ele falava: "o meu negócio é dinheiro".

Faz tempo que não tocamos com ele, ele disse que está meio cansado para continuar tocando, gostávamos bastante de tocar com ele, com um estilo discreto e preciso à lá Charlie Watts, e acompanhava numa boa as viagens instrumentais de 20 minutos meio kraut rock que eu e o João fazíamos.

Trilha sonora do post: "40 Licks" - Rolling Stones (com destaque para "You Got Me Rocking" e "Paint It Black")

terça-feira, 21 de agosto de 2007

Toninho do Diabo - "O Caçador de Almas, King Of Hell, Vol. 2 - A Era da Matança" e outras coisas






Uma das vezes que mais ri na minha vida foi quando passou um trailer de um filme do Toninho do Diabo no extinto programa "Os Piores Clipes do Mundo" da MTV, em que ocasionalmente passavam outras coisas além de clipes. Este filme nem poderia ser classificado como sendo filme B, seria de Z pra baixo. Para se ter idéia da precariedade da produção, até aparecia a data e a hora da filmagem, como aconteciam com as câmaras amadoras de antigamente.
Toninho do Diabo para quem não conhece é uma figuraça que é presença constante em programas de bizarrices, ele se diz seguidor do diabo, sempre está vestido com uma capa preta e vermelha, que parece a do zorro, e ele é negro, franzino, careca, tem cavanhaque e uma verruga na nuca.
A apresentação do filme tem uns efeitos especiais de quinta categoria e de uns vinte anos atrás, enquanto Toninho do Diabo com o seu indefectível sotaque caipira de Jundiaí, cidade do interior de São Paulo, e anuncia o filme: "O Caçadorrrr de Almas, King Of Hell - Volume Dois - A Era da Matança". Pois é, tudo isso é o nome do filme. Ele continua narrando a história do filme: "ele pode aparecer em qualquer lugarrrr, para te matarrr, debaixo da cama, atrás da porrrta, dêntro do micrô-ôndas". Imagina! O assassino saindo de dentro do micro-ondas!!!
Aparecem umas cenas horríveis e mal-feitas, um pé de plástico jogado na terra, cheio de mosquitos em volta.
No trailer, dá pra entender um pouco da história, como uma cena em que ele está rindo e coçando seu cavanhaque e ele vai narrando: "dono de uma agência funerária e também.... dono de um açougue!!!". Coisa fina!
Lembro que uma vez teve uma reportagem no Ratinho em que mostrava o Toninho do Diabo em sua cidade natal, Jundiaí, e queria (ou se fingia) se levar a sério, e o Ratinho nervoso com alguém que se dizia seguidor do diabo, e então ele tira um barato com o Toninho e diz: "isso é para vocês verem que esse negócio de diabo não tá com nada, olha o carro dele, um opala todo feio, velho e acabado, e nem consegue fazer essa lata velha pegar". Pois então, esse opalão aparece no filme, e ele tenta fazer o carro pegar umas cinco vezes, até que finalmente ele liga.
Uma hora do trailer ele apresenta o elenco do filme, eu lembro que tem um tal de "Fernando Orrrtega" e também ele fala "Antônio Aparecido Firmino, o Toninho do Diabo".
No trailer dá pra ver algumas cenas impagáveis com muito sangue falso.

Lembrei-me de falar sobre esse filme, porque fiquei empolgado em descobrir que ele está vendendo o seu totalmente inusitado filme "O Ataque dos Pneus Assassinos" em seu site (www.toninhododiabo.com.br). Imagina! Nada de tubarão, aranhas gigantes, extra-terrestres assassinos. O lance aqui são pneus! Um amigo assistiu e disse que os pneus vêm pulando na rua, enconsta nas pessoas e elas caem morta. Deve ser uma obra-prima do cinema trash! Já fiz o meu pedido e estou aguardando!

Além de cineasta, ele também é músico, sendo que "Eu Taco Fogo" é a sua música mais conhecida, que teve seu clipe exibido várias vezes no "Piores Clipes do Mundo", com muito mérito. Toninho do Diabo insiste que sua obra tem um conteúdo de crítica social, e na letra desta música, inclusive, que diz que a Igreja Universal estava querendo pagar um dinheiro pra ele representar em um culto que estava endemoniado.

Sua outra música que pude ouvir foi "Estrimilique", gravada ao vivo no programa do João Gordo, que tem um ataque de riso e pede pra "pelo amor de Deus" para com aquilo senão ele vai morrer de tanto rir. Com um som de tecladinho ridículo, e um coralzinho feminino igualmente cantando o refrão "Estrimilique" (aliás, palavra bastante inusitada e de difícil pronúncia para se fazer um refrão); ele vai contando suas agruras durante sua vida, mais ou menos como aquela música que o Sérgio Mallandro regravou, "O Escândalo" (aquela que tem a letra "conheci um capeta em forma de guri"). Começa com seu nascimento, em que ele fala "levou um tapa do doutor, chorei de raiva, não de dor"; que por causa de sua capa, foi chamado de zorro gay, que arrumar namorada quer dizer alma penada, e no final, à moda do Zé Caixão, fala vários insultos e maldições: "eu taco fogo, eu sou terrível, eu jogo bosta, eu jogo merda". Vale muito a pena procurar suas músicas, apesar de serem raras.

Há uns tempos atrás foi mostrada uma reportagem em que ele teria se convertido, após ter uma visão de Nossa Senhora. Na reportagem, ao invés de estar careca e com sua capa vermelho e preta, está de camisa social e gravata, e não seria mais o Toninho do Diabo, e sim o Bispo Antônio! Porém, depois de um tempo, ele apareceu na Luciana Gimenez, junto com o Inri Cristo (outro freak show), novamente caracterizado como Toninho do Diabo. Perguntaram se a conversão não havia sido pra valer, e ele disse que ele como Bispo Antônio não estava dando dinheiro.

Resumindo, uma figuraça!

Trilha sonora do post:
"Creedence Clearwater Revival" - Creedence Clearwater Revival (1968) - com destaque para "I Put Spell On You"
"Green River" - Creedence Clearwater Revival (1969) - com destaque para "Lodi"

domingo, 19 de agosto de 2007

Filme - Paris, Te Amo



"Disse, então, Almitra: Fala-nos do Amor.
Com uma voz poderosa ele disse:
Quando o amor vos chamar, segui-o,
Apesar de seu caminho ser duro e íngreme.
E quando suas asas vos envolverem, abraçai-o,
Apesar da sua espada escondida entre suas penas poder ferir-vos."

Assim escreve Khalil Gibran no livro "O Profeta".
Fui assistir o filme "Paris, Te Amo" muito mais pela forma do filme, composto por 18 curtas de 5 minutos para cada bairro, do que propriamente pela capital francesa, e sem saber que todos filmes tratavam do tema Amor. Uma das maiores qualidades do filme é que, quase sempre, o amor é mostrado com um sabor doce e amargo ao mesmo tempo, como no texto de "O Profeta", que continua assim:

"E quando ele falar convosco, acreditai nele,
Apesar de sua voz poder esfacelar vossos sonhos como o vento norte arruina o jardim
Pois mesmo quando quando o amor vos coroa, ele vos crucifica"

Eu gosto do formato de curta-metragem, no tempo de um filme normal, você consegue ver várias histórias, e ainda, muitas vezes o cineasta acaba fazendo um longa metragem arrastado e tedioso por não ter tanto assunto para uma hora e meia, quando a história principal é boa e poderia resultar um ótimo curta. (Um pequeno parêntese, já que o filme fala sobre amor... Minha vida tem sido mais de filmes curtas-metragens ultimamente... Depois de dois filmes longa-metragens mal sucedidos...)
Na minha banda Olhos de Guaxinim, praticamente todas as músicas falam de amor, e como esse filme é todo dividido em curtas, seria mais ou menos como se cada curta fosse uma música, daí que resultou uma maior identificação com o filme.

Não lembro dos nomes dos curtas, e também não sei todos os diretores de cada curta, então vou falando mais ou menos o que eu lembro pelo enredo. Claro que o resultado é irregular, alguns curtas são ótimos, outros nem tanto.

O primeiro curta com um cara tentando estacionar o carro, e nenhuma mulher olhando pra ele, até que ele socorre uma moça, é dispensável e esquecível.

O segundo é melhor, singelo e bonito; começa com três rapazes adolescentes que ficam mexendo com todas as mulheres que passam, até que uma garota muçulmana tropeça e cai, e um deles, europeu e não muçulmano, vai ajudá-la a levantar, eles conversam, trocam olhares, então ela vai embora; aí ele lembra que ela falou que iria na mesquita, então fica esperando-a sair, e logo depois sai um senhor junto com ela; ele fica receoso, inclusive quando ela apresenta os dois, dizendo ao pai que foi esse rapaz que ajudou quando ela caiu, o pai com cara de poucos amigos agradece e vai indo embora com a filha, o rapaz já estava dando tudo por perdido, mas ele e a moça trocam olhares, ela olha pra trás para vê-lo; e aí que vem a parte mais bonita: o pai percebe (e deve pressupor que os dois devem estar com medo dele), e convida o rapaz a acompanhá-los, e ainda puxa assunto com o rapaz e diz mais sobre a filha para ele, e os três vão andando e conversando alegremente.

Logo depois vem o de Gus Van Sant, regular, tem temática gay. Um rapaz vê outro rapaz numa oficina e começa a conversar, tenta puxar assunto a qualquer custo, fala de vidas passadas, almas gêmeas, trocam telefones, mas o outro quase não responde. porque não entende muito o francês, depois corre para ligar para o que estava falando.

O curta dos irmãos Coen é um dos mais engraçados do filme. Um turista, nerd e desprovido de charme, passa por vários apuros em uma estação de metrô; ele está lendo o guia, quando passa um menino e joga chumbinho nele, e também passa por situações inusitadas, agradáveis e desagradáveis, por conta de um casal de namorados, que ele insistiu em ficar encarando, ao passo que seu guia lhe recomendava o contrário.

Um dos que eu menos gostei, foi um que é sobre uma mãe latina que deixa o filho no berçário, canta uma música, vai para o seu trabalho e canta a mesma música para a filha da patroa. Tudo bem, tem o lado social, mas eu achei chato. Depois que eu vi que esse curta era do brasileiro Walter Salles. Bom, tem a ver... Ainda não vi "Diários de Motocicleta", mas deu pra perceber que ele gosta de falar sobre temas sociais.

O curta que se passa no bairro chinês, do Christopher Doyle, foi um dos que eu mais gostei, surrealista, psicodélico, colorido, trata de um vendedor de cosméticos, estilo europeu, que tem ir visitar o salão de beleza de uma chinesa com fama de má; imagina que ela dá uma surra nele, depois eles se apaixonam. Lembra um pouco "O Sabor da Melancia". Absurdo e ótimo!

O curta que tem Julienne Binoche fala de morte e também tem surrealismo, mas sem chamar tanto a atenção quanto o anterior.

O curta de Wes Craven, que fez o "Drácula 2000", é uma hilária história, bastante romântica, com vampiros.

O curta que mostra a Torre Eiffel, com um ótimo mímico, é uma bela homenagem ao mais famoso monumento da cidade, e é um dos curtas mais bonitos e com maior identificação com a cidade, visualmente falando inclusive.

Claro que, se tratando de Paris, tinha que ter um episódio mostrando as boates e prostitutas. Um senhor elegante entra em uma boate, e uma prostituta de meia idade tenta seduzi-lo, mas não como as mais jovens do local, e sim com um charme todo próprio e dizendo coisas como "eu posso lhe dar coisas que elas nunca lhe darão". Tem muita coisa relacionada com a música brega nestes curtas, e esses é um dos que a relação é mais forte, pois a relação entre cliente e prostituta é bem romântica, assim como as músicas em que o cliente quer tirar a moça daquela vida.

E, também numa temática parecida, um dos melhores é aquele protagonizado por Gena Rowlands e pelo "exemplo de cafajeste" Ben Gazaara, onde eles, já idosos, numa conversa afiada, falam sobre o divórcio, e cada um está com parceiro bem mais jovem. (A respeito de Ben Gazzara, recomendo assistir "Morte de um Bookmaker Chinês", do Cassavetes, em que ele está num ótimo papel como dono de boate de striptease, cafajeste e romântico com as meninas ao mesmo tempo).

Tem a história do cara que quando vai falar que para a mulher que vai se separar para ficar com a amante, fica sabendo que a esposa tem leucemia avançada, desiste de terminar, trata bem da esposa, acaba apaixonando-se novamente por ela.

O "Place des Fêtes", com dois atores negros, tem uma ótima estética e uma história bastante triste. Outra história triste é do menino cego que se apaixona por uma menina atriz, e ela termina o namoro com ele.

Mas o melhor fica pro final, uma pérola, o extremamente simpático e agridoce curta do cineasta que fez o "Sideways", em que uma turista norte-americana de meia idade, obesa e solteirona, viaja sozinha para Paris. É engraçado que dá para perceber que ela acabou de aprender francês, e o sotaque americano é bastante forte; e com essa voz ela começa a contar como é viajar e passear sendo uma pessoa solitária (bom, me identifico com ela nisso, muitas vezes gosto de passear sozinho, por opção), ela diz que não se sente triste, mas que sente falta de alguém para poder dizer coisas como: "olha! que paisagem bonita!"... É... Sem palavras!

Concluindo, o filme é uma bela declaração de amor ao Amor, que é, quase sempre, doce e amargo ao mesmo tempo; mas toda a emoção e felicidade que ele traz, talvez seja o que mais valha a pena na vida. Ou talvez a única. E eu chorei porque... meu coração é brega!