segunda-feira, 28 de maio de 2007
Brega de A a Z - Azulão
Uma das melhores coisas do Ratinho ter alcançado o sucesso que alcançou foi que uma gravadora grande teve a coragem de lançar um disco inteirocom músicas cantadas por um artista como Azulão. Sorte nossa, que tivemos o privilégio de ter um disco com oito músicas do Azulão, uma melhor que a outra! O que é a letra da "Casa Redonda"? (veja mais abaixo). Mas que o disco encalhou feio, encalhou (o meu eu comprei por 2 reais). Eu imagino que as pessoas já não aguentavam ele repetir todo dia aquele refrão repetitivo "solta o azulão, solta o azulão, solta o azulão, PAIXÃO, solta o azulão".
Quando o Azulão cantava essa música no Ratinho, dava pra ver, que apesar dele ter aquele vozeirão típico dos cantores negros, ele tinha um ritmo todo duro, pra cantar e pra dançar, ficando muito engraçado. Uma das coisas mais impagáveis foi um dia que passou o clipe que fizeram pra música, ele repetindo aquele refrão a música inteira, no estúdio, na banheira com uma gostosa, voando (com umas asas azuis, num efeito muito tosco). A letra tem uma variaçãozinha, que muita gente nem conhece, e tem um certo duplo sentido: "tanto tempo engaiolado, ele até perdeu o jeitão, quando avista sua amante, volta logo pra prisão" (volta o refrão)
Mas o seu disco veio pra provar que o Azulão não é só isso, não é um artista de uma música só, e nos brindou com uma música que tem uma letra psicodélica da melhor estirpe: "Casa Redonda". A letra é de uma claustrofobia angustiante, além de também poder causar uma sensação de vertigem, por tanto rodar: "eu entrei numa casa redonda / e comecei a rodar / eu rodava, rodava, rodava / e não saía do mesmo lugar". Dizem que o chá de santo daime às vezes causa a alucinação de imaginar que se está numa casa redonda; e no encarte diz que foi o próprio Azulão que compôs essa pérola... A dúvida que fica é: será que o Azulão já tomou Santo Daime? Mas a psicodelia não pára por aí, porque ele diz que quando estava perdido e desesperado ele começou a ouvir uma voz: "garoto, eu vim te salvar". Pra não perder o costume, o refrão circular, literalmente, é repetido insistentemente: "eu entrei numa casa redonda, e comecei a roda, eu rodava, rodava, rodava, e não saía do mesmo lugar". Pô, deve ser muito legal estar numa casa redonda. :)
"A Pulga (Pata Pata)", é a versão brasileira infantil de uma música de uma cantora que eu acho que é africana, até que bem conhecida: "tá com pullllga na cueca (ele canta prolongando os éles), já vi vou catar".
"A Dança do Azulão" é tão genial que estávamos com planos de colocar essa música de playback num show e ficarmos só dançando. Para as pessoas que não sabem dançar (como nós), e ficam frustradas, essa é a salvação, pois é uma das danças mais simples que podem existir (até mesmo porque o Azulão é todo duro ao dançar). Veja como é fácil: "vamos a dançar / a dança do azulão / um passo pra frente / um passo pra trás / levantar as mãos / vamos a dançar". Essa é a letra inteira da música. Repare como ele castiga o português: "vamos a dançar".
"Me Ajude Gente" dá uma idéia de como deve ter sido difícil para o produtor conseguir gravar este disco, tendo em vista as limitações do Azulão, tanto ritmicamente, quanto melodicamente e na pronúncia, mas que são compensadas por todo seu carisma. A música começa com ele tentando umas duas vezes, aí o Azulão fala: "Errei". Aí o produtor fala: "Ê Azulão. Vamos lá, mais uma vez", aí a música vai. A música é um pagodão.
A manjada "Macarena" também aparece aqui, mas numa versão que tem o que nenhuma outra tem: o carisma e o jeito de cantar de Azulão. Não sei se na original tem essa parte da letra, em que ele canta: "Macarena, é uma dança diferente, que remexe e alucina toda gente, tem um toque tropical, tem magia sensual", com ele falando um éle sutil, que vai sumindo, impagável. Impagáveis também são as risadas indefectíveis dele, todas meio fora de tempo, e imprevisíveis em que momento vão aparecer.
"Clarinha" é uma bela homenagem à sua filha. "Ê Clarinha, ê Clarinha. Ê criança. Seu nome é Clara, mas nós tratamos de Clarinha, quando eu chego em casa, bem à tardezinha, ela vem correndo, vem da sala pra cozinha".
"Parabéns do Azulão" fecha com chave de ouro essa obra-prima. "Parabéns pra você, por comprar meu cd".
Depois ainda tem algumas versões pra playback, se você quiser treinar pra cantar igual ao Azulão.
Uma lenda, um mito, o Azulão desapareceu misteriosamente da televisão, sem dar mais notícias. O Ratinho nunca mais falou dele. Ouvi gente dizer que morreu, tomara que não. Talvez tenham confundido com um outro Azulão, nordestino, que toca forró. Pelo menos temos o privilégio de ouvir este cd. Porque é quase certeza que não vai ter um segundo.
Brega de A a Z - Alypio Martins
Alypio Martins faz parte da vertente mais humorística e debochada do brega, ao invés de se aprofundar em lamentos românticos, prefere fazer letras de sacanagem com duplo sentido, à moda do Genival Lacerda.
Talvez o refrão mais famoso que ele compôs seja aquele que é um dos maiores hinos dos cornos que o Falcão sabiamente regravou: "Lá vai ele, com a cabeça enfeitada, sem saber que a sua amada, lhe traiu com outro alguém" (pô, se traiu, é lógico que foi com outro alguém! Essa vai pra coletânea dos maiores pleonasmos da música brega).
"Maria Antonieta" parece ser o embrião do que viria a ser um dos maiores clássicos dos bregas de duplo sentido, "Julieta" ("julieta-ta-ta, tá me chamando"), onde tem versos sacanas e hilários como: "sua mãe toca trombone, e seu pai toca corneta".
Uma das músicas que já o nome é um dos trocadilhos mais infames da história da música (isso é um elogio, claro), é a "Oh Darcy": "se meu time não ganhar / oh darcy, oh darcy / se o patrão me despedir / oh, darcy, oh, darcy / se você não voltar pra mim / oh darcy, oh darcy", e pra ajudar, ainda tem choro de bebê na música (totalmente clichê) e uma voz com aquele eco bem brega: "exclusiva" (esse então nem se fala... hehehehe)
Outras música com duplo sentido é a "Pegue na Boneca" ("se você apertar, ela pode chorar").
Alypio Martins também foi politicamente incorreto, com uma música que se fosse lançada hoje, provavelmente seria alvo das feministas ou até fosse proibida: "Vou começar a bater em mulher". A música fica mais engraçada por conta do ritmo, que é um samba bastante animado; a letra, "nelsonrodriguiana" e impagável, fala: "vou começar a bater em mulher, elas adoram ser maltratadas, elas só gamam se um dia apanhar, se estão certas, se estão erradas, Nelson Rodrigues é quem vai nos ensinar".
Em uma das músicas ele fala de sua lógica bastante inusitada para fugir do compromisso com alguma mulher: "meu coração eu não dou, porque não posso arrancar, arrancando eu sei que morro, e morrendo não posso amar".
Por ele ser do Pará, muitas das suas músicas tem como base rítmica o carimbó; aliás, o ritmo tem bastante destaque em suas músicas, inclusive algumas tendo uma levada extramemente suíngada, como é o caso da música "Dor de Cotovelo", que tem um ótimo arranjo de baixo, bateria e guitarra wah-wah. Na inacreditável música "Piranha", num ritmo que é tipo um carimbó suíngado, ele esquece disso e grita como se fosse um rock: "Piranha, é um peixe voraz, do São Francisco / não, não perdão, Rio São Francisco / não, não Amazonas / nosso grande rio, Amazonas / eu não faria uma canção / nem tocaria o meu violão / para um peixe qualquer / (carregando no grito agora) o diabo que carregue / quem disser que não é / piranha". Outras com um ritmo forte, com letras falando sobre animais em letras beirando o infantil, mas que não deixam de ser ótimas: "Rebu no Galinheiro" e "Tatu da Velha Noca".
Outra característica comum em muitos artistas bregas são as músicas que exaltam seu estado ou região, e convidando o ouvinte a viajar e conhecer, e neste caso, ele acerta em cheio, dá uma vontade danada de ir conhecer o Pará: "se você já tomou chimarrão, torresmo ou tutu de feijão, falta provar tacacá", "se você já entrou num forró, ou castiga um samba legal, vai adorar dançar carimbó", "o açaí que estou comendo tem aquele gosto bom que outro o Brasil não dá". Confira as músicas "Casca de Coco" e "Meu Bem do Pará".
É interessante que algumas vezes ele faz músicas românticas de dor de corno que ao mesmo tempo são safadas, como "Amor ao telefone", "você no meio da noite me ligava, me chamando pra fazer amor por telefone, a gente se amava, a gente gozava, mas tudo acabou".
Outras músicas com nomes nada sutis: "Pistoleiro do Amor" (essa com um clima meio faroeste picareta, com assobio e tudo), "Tira a Calcinha".
"SYR 4 - Goodbye 20th Century" (Sonic Youth)
Este foi um projeto bastante ousado feito pelo Sonic Youth, um álbum duplo em que foram revisitadas composições de músicos de vanguarda, ou eruditos contemporâneos.
O disco começa com "Edges" (Christian Wolff) que é algo bastante abstrato, com ruídos e vozes dispersos que vão surgindo e desaparecendo espontaneamente, a voz da Kim Gordon está bastante interessante nesta faixa; esta é uma das faixas mais inspiradas do disco, com mais de 16 minutos.
"Six (3rd take)", do John Cage, já é algo abstrato demais, não consegui ver nada de interessante, além da famosa aleatoriedade das composições de um dos mais radicais compositores.
"Six for New Time", de Pauline Oliveros, foi criada especialmente para esse disco, e é a que mais se aproxima de uma canção normal (para os padrões do Sonic Youth, aliás, não sendo muito diferente das músicas mais experimentais que o Sonic Youth já fez).
"+ -", do japonês Takehisa Kosugi, tem um conceito interessantíssimo, sendo toda a partitura da música composta apenas pelos sinais de + (mais) e - (menos), indicando quando a orquestra tem que tocar mais forte ou mais fraco, respectivamente.
"Voice Piece for Soprano", com apenas 12 segundos, executada por Coco Halley Gordon Moore, filha de Thurston Moore e Kim Gordon, é mais uma das interessantes (e controversas) composições da Yoko Ono, é composta apenas por três gritos, e a filha deles ainda era praticamente uma bebê, então os gritos são bastante agudos. A "partitura" (ou plano de execução) da música é o seguinte:
"Scream.
1. against the wind
2. against the wall
3. against the sky "
A partitura de "Having Never Written a Note For Percussion", de James Tenney, é composta de apenas uma nota, uma semibreve, que começa bem fraca, aumenta até o ponto máximo, e depois diminue até extinguir totalmente. A música faz uma curva ascendente, um topo mais ou menos plano, e uma curva descendente, mais ou menos como uma onda gigante. Quando está no topo, se tem aquele noise característico do Sonic Youth, em sua melhor forma. Uma das melhores do álbum.
"Six (4th take)", apesar de ser a mesma composição da segunda faixa, é diferente por ser de outro take, mas continua sendo de pouco interesse.
"Burdocks", do Christian Wolff, tem um fraseado repetido no teclado e mais alguns barulhos desconexos, mas que não consegui identificar um conceito, pra mim são apenas barulhos desconexos, mas sem a inspiração da "Edges", e nisso vão se 13 minutos. Uma das piores músicas do álbum.
"Four6", também do John Cage, é mais interessante que suas outras duas composições aqui presentes. O problema é que tem que se ter paciência pra ouvir, pois tem meia hora.
"Piano Piece #13 (Carpenter's Piece) " for Nam June, do obscuro artista plástico George Maciunas, é uma das mais radicais do disco, consiste apenas nos quatro integrantes martelando um piano sem dó (martelando de verdade, com martelo e pregos). O melhor de tudo é que no primeiro cd tem o vídeo com a performance, bem divertida. No limiar da genialidade e da picaretagem, essa faz questionar: o que é arte?
"Piece Enfántine", de Nicolas Slonimsky, tem só algumas percussões numa marimba ou coisa parecida, pelo que parece, primeiro é tocada a harmonia, depois a melodia. Quem toca é um cara que não lembro nome, mais o Lee Ranaldo, que já fez alguns experimentos meio percussivos em "Lee is Free", no "Confusion Is Sex". Mas essa é bem bestinha, infantil, pelo que parece dizer o título. Ainda bem que só tem um minuto e meio.
"Treatise (page 183)", do Cornelius Cardew, tem um dos melhores conceitos do disco, esse Treatise é um livro com figuras, onde o intérprete deve interpretar ao seu modo as figuras de uma determinada página e tocar. O som é bastante agradável de se ouvir, algo bem minimalista, beirando o ambient. É uma pena que só tenha 3 minutos e meio.
Bom, pela ousadia e pelos conceitos, nota 9, pelo som, nota 5, fazendo uma média, nota 7.
segunda-feira, 14 de maio de 2007
Brega de A a Z - Amado Batista
Amado Batista, apesar de fazer parte da vertente de baladas do brega, não faz como a maioria dos cantores dos anos 70, como Bartô Galeno e Odair José, que tiveram muita influência de Roberto Carlos. Amado Batista, pelo contrário, criou um estilo próprio dentro da vertente de baladas do brega, tendo alguns artistas que foram influenciados pelo seu estilo, como Cristiano Neves, por exemplo. Uma diferença entre os dois estilos é que o estilo de cantores como Bartô Galeno é bem mais passional do que o de Amado Batista, mais pop, o que talvez explique a maior aceitação do Amado Batista, pois muitas pessoas reclamam do fato das músicas de cantores como Bartô Galeno serem muito tristes. Diziam que o Amado Batista era quem vendia mais discos no Brasil, vendendo até mais do que Roberto Carlos, o que pode até ser verdade, mas tente achar algum nordestino que não tenha ao menos um disco do Amado Batista em casa, é uma tarefa difícil.
Amado Batista criou verdadeiros clássicos do brega, que estão entre as músicas mais conhecidas do estilo, que quase todo mundo conhece e que sabe cantar pelo menos o refrão. Criou alguns dos solos mais emblemáticos do estilo, o solo de "Meu Ex-Amor" corresponde ao "Come as you Are" do brega, com um solo muito simples, feito nas notas graves da guitarra, imediatamente reconhecível, e que leva a maior parte do pessoal se manifestar de prontidão, e ainda tem aqueles casos raros que as pessoas cantam o solo, como em "Secretária", só lembro de algo parecido no show do Deep Purple, em que o público canta o solo da "Black Night". Ele faz pequenas pérolas do pop no brega que faz, com músicas muito simples, em que o supérfluo é cuidadosamente cortado, ficando somente o essencial. Além disso, muitas tem um parentesco próximo com o rock e o punk no que diz respeito aos três acordes presentes na maioria delas.
Entre os seus maiores clássicos estão "Princesa" ("ao te ver pela primeira vez, eu tremi todo", "princesa, a deusa da minha poesia, ternura da minha alegria, nos meus sonhos quero te ver, princesa, a musa dos meus pensamentos, enfrento a chuva e o mau tempo pra poder um pouco te ver"), "Serenata" ("a lua descia do céu, eu cantando você acordava, com os olhos cheios de amor, abria a janela e me beijava, depois de te dar uma flor, quase chorando eu ia embora") e "Seresteiro das Noites" ("fui seresteiro das noites, cantei vendo o alvorecer, molhado com os pingos da chuva, com flores pra te oferecer"), em que um romantismo nostálgico dá o tom.
Mas o mais estranho é que, talvez o que seja o seu maior clássico, seja algo extremamente triste e mórbido, falando de hospital, de sala de cirurgia e de um parto trágico, em que a mulher e o filho morrem na mesa de operação, a música se chama "Amor Perfeito (O Fruto do Nosso Amor)", apesar do pessoal conhecê-la por "No hospital, na sala de cirurgia". E igualmente estranho é que, apesar da música falar destes temas, ela é extremamente contida e minimalista, beirando a indiferença e a falta de emoção. Talvez esse contraste fez a música ser mais palatável, pois é difícil imaginar que quase todo mundo saiba a letra de uma música que tem versos como "Nosso Senhor para sempre te levou, nem ao menos me deixou, o fruto do nosso amor, aquele filho seria nossa alegria, eu senti naquele dia, ser um pai, ser um senhor", e o refrão, sem dúvida nenhuma um dos mais conhecidos do brega também não fica atrás: "no hospital, na sala de cirurgia, pela vidraça eu via, você sofrendo a sorrir, vi seu sorriso aos poucos se desfazendo, então vi você morrendo, sem poder me despedir". Ele parece nutrir uma atração por temas pesados como este, já que em uma outra música, "O Acidente", que tem um ritmo e melodia até que animados, ele fala da mulher que morre em um "acidente, tão de repente, acaba tudo, o amor que se tem".
Ele tem muitas outras ótimas músicas muito românticas, nem tão conhecidas, como "O Ônibus", que tem um refrão que pode levar às lágrimas por descrever com perfeição a dor da saudade de amar alguém que mora distante ou que vai para longe, falando da tristeza em saber que ela vai embora: "hoje eu vou ficar muito magoado, por uma coisinha linda, ela vai partir pra longe daqui, na tarde que finda", depois falando da hora da despedida: "ao nos despedir, com um forte abraço e um beijinho de adeus, vou esconder meu rosto, pra não ver seus olhos, fitando os meus", e aí vem a tristeza consumada, o ônibus já sumiu e ficaram só as lembranças: "quando o ônibus, sumir na estrada, lágrimas vão rolar dos olhos seus, e olhando a paisagem, em mim vai pensando, gotinhas molhando o rostinho seu". Além dessa tem também a que ele fala "ela arrancou um pedaço de mim, e foi meu coração".
Tentando se manter atualizado, sempre busca fazer canções relacionadas aos assuntos do momento e novidades, como em "Secretária", em que fala do medo de ser confundido com um assédio sexual, "Amado@.com", em que apesar da grafia errada, ele fala de internet. Como um amigo reparou, "Vidas na Contramão" é quase que um "Eduardo e Mônica" do brega, mostrando as diferenças dos dois em um par romântico: "gosto de música lenta, ela só curte rock, não usa vestido, só usa short", "se eu me encontro em casa ela deita e rola, ela só toma whisky, eu coca-cola".
Brega de A a Z - Abílio Farias
Abilio Farias envereda pela vertente abolerada do brega, ao estilo do Genival Santos, não ficando nada a dever a este, com um baixo marcante, muito naipe de sopros e uma interpretação passional.
No quesito música de corno, "O Culpado" é campeã, além de corno, é manso; e além de manso, se sente culpado, os versos "eu sou culpado por ela ter me enganado" e "já perdoei o que ela fez fora de casa" dizem tudo, e colocam essa música no panteão dos clássicos do brega.
Ele é também uma espécie de economista do brega, já que em uma de suas mais músicas, "Mulher Difícil, Homem Gosta", ele diz "essa é a lei, lei da procura e da oferta, onde a pessoa mais esperta, leva vantagem no amor".
Em outra música, "O Genro Odiado", ele faz uma divertida, porém trágica, crônica familiar, falando de um personagem presente em quase todas as famílias, a pessoa alcólatra desagradável, com uma letra em que ele faz uma auto-penitência que chega a ser engraçada: "desculpa mulher, resolvi mil desculpas pedir, as palhaçadas que eu promovia, quando bebia, não vais assistir"; "na família eu era o genro que ninguém gostava, viciado só me embriagava, satisfação não trazia a ninguém".
Abílio Farias também faz a sua homenagem a uma personagem bastante recorrente nas músicas bregas: a cigana; e a de Abílio Farias é uma das mais inspiradas, com um ótimo falsete na hora de falar "ciga-a-na", e dizendo que "para ter o seu amor, eu vou muito mais além, deixo de ser o que sou, cigana, pra ser cigana também".
No brega romântico-religioso "Coração Indeciso", ele apela a Cristo para pedir perdão e para decidir entre o amor de duas mulheres, que ainda tem um solo de trumpete em surdina impagável, que lembra alguém dando risada; o seu exagero se faz presente, dizendo "Cristo, que foste na Terra um mártir, sob império de Pilatos, foste pregado na cruz, quero ouvir de ti um conselho", "julga-me, julga-me como quiseres, eu amando duas mulheres", "uma, tem graça, luxo e beleza, produto da natureza, coisa que a outra não tem; e a outra, é despida de encantos, mas mesmo assim gosto tanto", "meu bom Jesus, com o coração indeciso, não sei de qual eu preciso, para fazer-me feliz". É bem engraçado que tem horas que ele faz um esforço danado para puxar a voz, para transmitir mais emoção.
Assim como Genival Santos, apesar do seu ponto forte serem os boleros passionais, em alguns momentos deixa a tristeza de lado, para fazer alguns forrós e carimbós animados, como "O Rabo do Jumento" e "Fofoqueira, Encrenqueira" (e ainda fala "ataca Pachequinho". Maestro Pachequinho é um gênio dos arranjos dos bregas dos anos 70 e produziu nomes importantíssimos como Genival Santos e Bartô Galeno)
No quesito música de corno, "O Culpado" é campeã, além de corno, é manso; e além de manso, se sente culpado, os versos "eu sou culpado por ela ter me enganado" e "já perdoei o que ela fez fora de casa" dizem tudo, e colocam essa música no panteão dos clássicos do brega.
Ele é também uma espécie de economista do brega, já que em uma de suas mais músicas, "Mulher Difícil, Homem Gosta", ele diz "essa é a lei, lei da procura e da oferta, onde a pessoa mais esperta, leva vantagem no amor".
Em outra música, "O Genro Odiado", ele faz uma divertida, porém trágica, crônica familiar, falando de um personagem presente em quase todas as famílias, a pessoa alcólatra desagradável, com uma letra em que ele faz uma auto-penitência que chega a ser engraçada: "desculpa mulher, resolvi mil desculpas pedir, as palhaçadas que eu promovia, quando bebia, não vais assistir"; "na família eu era o genro que ninguém gostava, viciado só me embriagava, satisfação não trazia a ninguém".
Abílio Farias também faz a sua homenagem a uma personagem bastante recorrente nas músicas bregas: a cigana; e a de Abílio Farias é uma das mais inspiradas, com um ótimo falsete na hora de falar "ciga-a-na", e dizendo que "para ter o seu amor, eu vou muito mais além, deixo de ser o que sou, cigana, pra ser cigana também".
No brega romântico-religioso "Coração Indeciso", ele apela a Cristo para pedir perdão e para decidir entre o amor de duas mulheres, que ainda tem um solo de trumpete em surdina impagável, que lembra alguém dando risada; o seu exagero se faz presente, dizendo "Cristo, que foste na Terra um mártir, sob império de Pilatos, foste pregado na cruz, quero ouvir de ti um conselho", "julga-me, julga-me como quiseres, eu amando duas mulheres", "uma, tem graça, luxo e beleza, produto da natureza, coisa que a outra não tem; e a outra, é despida de encantos, mas mesmo assim gosto tanto", "meu bom Jesus, com o coração indeciso, não sei de qual eu preciso, para fazer-me feliz". É bem engraçado que tem horas que ele faz um esforço danado para puxar a voz, para transmitir mais emoção.
Assim como Genival Santos, apesar do seu ponto forte serem os boleros passionais, em alguns momentos deixa a tristeza de lado, para fazer alguns forrós e carimbós animados, como "O Rabo do Jumento" e "Fofoqueira, Encrenqueira" (e ainda fala "ataca Pachequinho". Maestro Pachequinho é um gênio dos arranjos dos bregas dos anos 70 e produziu nomes importantíssimos como Genival Santos e Bartô Galeno)
segunda-feira, 7 de maio de 2007
Pérolas do Brega n. 1 - "Corcel Alado" - Ney Manoel
Procurei informações sobre esse cantor na internet, mas só descobri que ele é o autor de algumas músicas cantadas pelo Nilton César e Amado Batista. Essa pérola do obscuro Ney Manoel é uma bizarra mistura de brega e tecnopop, mais ou menos como se o Genival Santos cantasse sobre uma base de música da Madonna, com destaque para os sintetizadores e bateria, ambos minimalistas. Na letra da música, o cantor se propõe a dar aulas de equitação (com duplo sentido) para a moça viajando pelo espaço sideral. O tema da cavalgada foi também explorado na música "Cavalgada" do Roberto Carlos, só que a do Ney Manoel se destaca por ser espacial.
vem menina cavalgar
quero ser o teu corcel
teu orgulho vou levar
cavalgando pelos céus
em meu dorso vou levar
seu corpo lindo e perfeito
tuas mãos em minha crina
teu carinho em meu peito
teu cabelo tão bonito
abanando o meu pescoço
teu suor se derramando
do teu corpo no meu corpo
vem menina cavalgar
quero ser o teu corcel
teu orgulho vou levar
cavalgando pelos céus
quero ser o teu corcel
pra você montar em mim
vou cruzar pelo espaço
oceanos e jardins
revirando o universo
igual um corcel alado
em teu peito descansar
te amar e sendo amado
no caminho onde passar
por estrelas e planetas
teu nome vou gravando
com as caudas dos cometas
vou além do infinito
com você sempre ao meu lado
e jamais quero acordar
do meu sonho encantado
sexta-feira, 4 de maio de 2007
Filmes Alucinantes: "Pi" e "Viagens Alucinantes"
Entre os filmes que eu já assisti sobre a busca pela verdade do universo e da vida a todo custo, "Pi" e "Viagens Alucinantes" se sobressaem, porém o tom dos dois é bem distinto. "Pi" é um filme mais recente, de 1998, enquanto "Viagens Alucinante" é de 1980. Os dois protagonistas fazem uso de drogas na busca pela verdade, e uma das coisas mais legais dos filmes é que ambos mostram as "viagens" causadas pelas drogas. O que o "Viagens Alucinantes" tem de colorido e psicodelia, o "Pi" tem de preto-e-branco e bad-trip.
No "Viagens Alucinantes", o personagem principal começa as suas experiências em um tanque de imersão, lá ele começa a meditar e começa a ter algumas alucinações leves, depois ele faz experiências com algumas drogas, e começa a ter viagens que parecem ser de LSD (pelo que eu já li), que são muito coloridas, bonitas, cheia de flores de todas as cores, mas ao mesmo tempo, nessas viagens, ele começa a ter uma paranóia sobre sexo e religião, principalmente. Depois ele vai fazer algumas experiências com uma tribo indígena, que se eu não me engano, é da América Central ou México, e aí toma um chá junto com eles, aí ele tem uma viagem bem forte, com algo que parece um inferno, um lugar escuro meio avermelhado, e as pessoas sofrendo; sem nem lembrar como foi parar no local em que acorda, dentro de uma caverna. Cada vez mais ele fica obcecado com seu objetivo, tanto que a mulher separa dele, e começa a confundir totalmente realidade com imaginação, tem uma hora que ele pensa que é um macaco, e o filme mostra ele como macaco, e esse é um dos pontos mais interessantes e confusos do filme, você chega até a pensar se realmente ele virou um macaco com as experiências que ele fez. Ele só se importa em ir mais fundo nas suas experiências, sendo que a última delas é extremamente aterradora e espetacular. Nota: 10
No filme "Pi", apesar do personagem também fazer essa busca pela verdade, ele acha que o caminho é a matemática, e para provar que ele chegou nesas verdade, ele quer descobrir o padrão que existe por trás dos números da bolsa de valores. Pelo que eu entendi, uma diferença com o filme anterior, é que ele não toma drogas para ter viagens psicodélicas, e sim para não dormir, para conseguir dar prosseguimento à sua extenuante tarefa, porém, o abuso dessas drogas passa a cobrar seu preço, e ele começa a ter "bad trips" violentíssimas, uma delas, por exemplo, ele está andando no metrô, e ele vê um cérebro perto da escada rolante, jogado no chão, cheio de moscas em volta, ele se aproxima e começa a cutucar e marcar o cérebro com uma caneta, então ele acorda com o que parece ser uma dor de cabeça terrível, e então ele toma mais drogas para se manter são. A obsessão do personagem principal lembra bastante o filme anterior, e em ambos os filmes, a conclusão deles quanto à essa busca desenfreada é bastante parecida. Nota: 10
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