segunda-feira, 28 de maio de 2007
"SYR 4 - Goodbye 20th Century" (Sonic Youth)
Este foi um projeto bastante ousado feito pelo Sonic Youth, um álbum duplo em que foram revisitadas composições de músicos de vanguarda, ou eruditos contemporâneos.
O disco começa com "Edges" (Christian Wolff) que é algo bastante abstrato, com ruídos e vozes dispersos que vão surgindo e desaparecendo espontaneamente, a voz da Kim Gordon está bastante interessante nesta faixa; esta é uma das faixas mais inspiradas do disco, com mais de 16 minutos.
"Six (3rd take)", do John Cage, já é algo abstrato demais, não consegui ver nada de interessante, além da famosa aleatoriedade das composições de um dos mais radicais compositores.
"Six for New Time", de Pauline Oliveros, foi criada especialmente para esse disco, e é a que mais se aproxima de uma canção normal (para os padrões do Sonic Youth, aliás, não sendo muito diferente das músicas mais experimentais que o Sonic Youth já fez).
"+ -", do japonês Takehisa Kosugi, tem um conceito interessantíssimo, sendo toda a partitura da música composta apenas pelos sinais de + (mais) e - (menos), indicando quando a orquestra tem que tocar mais forte ou mais fraco, respectivamente.
"Voice Piece for Soprano", com apenas 12 segundos, executada por Coco Halley Gordon Moore, filha de Thurston Moore e Kim Gordon, é mais uma das interessantes (e controversas) composições da Yoko Ono, é composta apenas por três gritos, e a filha deles ainda era praticamente uma bebê, então os gritos são bastante agudos. A "partitura" (ou plano de execução) da música é o seguinte:
"Scream.
1. against the wind
2. against the wall
3. against the sky "
A partitura de "Having Never Written a Note For Percussion", de James Tenney, é composta de apenas uma nota, uma semibreve, que começa bem fraca, aumenta até o ponto máximo, e depois diminue até extinguir totalmente. A música faz uma curva ascendente, um topo mais ou menos plano, e uma curva descendente, mais ou menos como uma onda gigante. Quando está no topo, se tem aquele noise característico do Sonic Youth, em sua melhor forma. Uma das melhores do álbum.
"Six (4th take)", apesar de ser a mesma composição da segunda faixa, é diferente por ser de outro take, mas continua sendo de pouco interesse.
"Burdocks", do Christian Wolff, tem um fraseado repetido no teclado e mais alguns barulhos desconexos, mas que não consegui identificar um conceito, pra mim são apenas barulhos desconexos, mas sem a inspiração da "Edges", e nisso vão se 13 minutos. Uma das piores músicas do álbum.
"Four6", também do John Cage, é mais interessante que suas outras duas composições aqui presentes. O problema é que tem que se ter paciência pra ouvir, pois tem meia hora.
"Piano Piece #13 (Carpenter's Piece) " for Nam June, do obscuro artista plástico George Maciunas, é uma das mais radicais do disco, consiste apenas nos quatro integrantes martelando um piano sem dó (martelando de verdade, com martelo e pregos). O melhor de tudo é que no primeiro cd tem o vídeo com a performance, bem divertida. No limiar da genialidade e da picaretagem, essa faz questionar: o que é arte?
"Piece Enfántine", de Nicolas Slonimsky, tem só algumas percussões numa marimba ou coisa parecida, pelo que parece, primeiro é tocada a harmonia, depois a melodia. Quem toca é um cara que não lembro nome, mais o Lee Ranaldo, que já fez alguns experimentos meio percussivos em "Lee is Free", no "Confusion Is Sex". Mas essa é bem bestinha, infantil, pelo que parece dizer o título. Ainda bem que só tem um minuto e meio.
"Treatise (page 183)", do Cornelius Cardew, tem um dos melhores conceitos do disco, esse Treatise é um livro com figuras, onde o intérprete deve interpretar ao seu modo as figuras de uma determinada página e tocar. O som é bastante agradável de se ouvir, algo bem minimalista, beirando o ambient. É uma pena que só tenha 3 minutos e meio.
Bom, pela ousadia e pelos conceitos, nota 9, pelo som, nota 5, fazendo uma média, nota 7.
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