domingo, 18 de maio de 2008
Requiém Para um Sonho - Darren Aronofsky, EUA, 2000
É impressionante como Darren Aronofsky, estando em apenas seu segundo filme, já fez dois grandes filmes. E mais, o primeiro, "Pi", é uma obra-prima.
Já escrevi anteriormente sobre "Pi", um filme excelente, com uma perfeição estética e climática impressionantes, com a ótima idéia de fazê-lo em preto-e-branco, aumentando assim a sua sensação claustrofóbica.
Assim como "Pi", o "Requiém para um Sonho" também mostra viagens psicodélicas causadas pelo uso de drogas, e isso consiste numa das maiores qualidades de ambos os filmes. Porém, o que o "Pi" tem de singularidade e genialidade estética, o "Requiém para um Sonho" fica apenas no bom.
O filme é colorido, e lembra a estética de filmes dos anos 80, só que não é um "pesadelo" como o Pi.
A história é mais ou menos o seguinte: um filho, junto com a namorada e um amigo, se viciam em heroína e planejam ganhar muito dinheiro adulterando a droga; a mãe é viciada, mas não em drogas, e sim em televisão, e posteriormente em anfetaminas, para conseguir emagrecer para vestir o seu vestido preferido, depois que lhe telefonam dizendo que ela foi escolhida para participar do seu programa preferido, que ela fica diuturnamente assistindo.
A trajetória do filme é de uma espiral descendente, onde o começo é bem-humorado até engraçado, e cada vez as coisas vão ficando piores para cada um dos personagens.
Logo no começo se vê o ridículo da situação do filho que vende a televisão da mãe para comprar droga, ela vai lá e compra de novo, depois ele vai lá e vende de novo.
O filme mostra as viagens, tanto do filho, da namorada e do amigo, quanto da mãe, e as viagens da mãe, causadas pela anfetamina são as melhores: rosquinhas voando do teto de seu quarto, a geladeira que se mexe, e o seu delírio mais forte, e que é, para mim, a cena mais genial do filme: ela está tão alucinada pelas anfetaminas que perde totalmente o senso do que é real e do que é imaginação, e ela imagina que o programa de tv está se passando na sua própria sala de estar.
Você não acredita que as coisas vão ficar tão ruins para os personagens, mas conforme o filme se aproxima do final, é só desgraça.
Talvez a maior sacada do filme seja mostrar que não é apenas o vício das drogas é destrutivo, mas outros como TV são igualmente destrutivos. Por exemplo, quem é viciado em internet gasta muito tempo de sua vida, deixando de fazer e de viver coisas importantes. O filme me fez parar pra pensar quanto tempo da minha vida eu já desperdicei na internet. Nesse ponto, não consegui deixar de me lembrar e de fazer um paralelo com outro filme, que à primeira vista não tem nada a ver com esse, "A Sociedade dos Poetas Mortos". Para mim, a lição mais importante desse filme é aquela frase em latim que o professor ensina aos alunos: "Carpe Diem" (aproveite o dia).
Só é uma pena que este filme não seja esteticamente tão genial e inesquecível quanto "Pi".
Nota: 8
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