quarta-feira, 3 de outubro de 2007
"Vive L'Amour" (Taiwan - 1994)
Direção: Tsai Ming-Liang
Apesar de não ter a mistura extravagante de elementos de "O Sabor da Melancia", a mistura entre poesia e pornografia deste também não fica nada a dever. O filme fala de um homem e de uma mulher que se conhecem, e quando eles começam a frequentar a casa dele para transar, descobrem que há um outro homem escondido na casa. Este homem que fica escondido é alguém muito tímido, e parece estar fugindo de algo, parece estar refugiado na casa, ele entra quando as pessoas estão distraídas. Mas o tempo passa e se descobre que ele está apaixonado por uma das pessoas do casal.
Era um dos poucos filmes "cult" na locadora perto da minha casa, e o comentário de um crítico dizendo que esse filme é um dos "raros filmes de um cinema que é essencial de se ver". Achei exagero, mas fui assistir o filme para comprovar ou contrariar o comentário. Nos vinte primeiros minutos o silêncio, a ausência de diálogos e acontecimentos me fez duvidar que o filme era realmente tudo aquilo. Porém, aos poucos as peças vão se encaixando, e com uma maestria impressionante.
Como em "O Sabor da Melancia", uma das últimas cenas é genial, em que apesar de ser crua e pornográfica, é também muito romântica. E também há uma cena belíssima, em que a certa demora em se manter nela é própria de alguns mestres, para assim melhor a contemplarmos: a moça se dirige, sozinha, a pé, para um lugar distante, senta-se num banco, e chora angustiadamente por minutos. Lembra o choro daquela clássica música do Barros de Alencar. Algumas pessoas gostam de ver o choro alheio, mas não sei se isso chega a ser um sadismo; Nelson Rodrigues disse uma vez que adora ver aquelas mulheres chorando em enterros, e que ele seria capaz de chegar até ela e dizer que até paga para ela chorar mais... Acho que ele gostaria bastante desta cena do filme.
Nota: 9
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