terça-feira, 21 de agosto de 2007

Toninho do Diabo - "O Caçador de Almas, King Of Hell, Vol. 2 - A Era da Matança" e outras coisas






Uma das vezes que mais ri na minha vida foi quando passou um trailer de um filme do Toninho do Diabo no extinto programa "Os Piores Clipes do Mundo" da MTV, em que ocasionalmente passavam outras coisas além de clipes. Este filme nem poderia ser classificado como sendo filme B, seria de Z pra baixo. Para se ter idéia da precariedade da produção, até aparecia a data e a hora da filmagem, como aconteciam com as câmaras amadoras de antigamente.
Toninho do Diabo para quem não conhece é uma figuraça que é presença constante em programas de bizarrices, ele se diz seguidor do diabo, sempre está vestido com uma capa preta e vermelha, que parece a do zorro, e ele é negro, franzino, careca, tem cavanhaque e uma verruga na nuca.
A apresentação do filme tem uns efeitos especiais de quinta categoria e de uns vinte anos atrás, enquanto Toninho do Diabo com o seu indefectível sotaque caipira de Jundiaí, cidade do interior de São Paulo, e anuncia o filme: "O Caçadorrrr de Almas, King Of Hell - Volume Dois - A Era da Matança". Pois é, tudo isso é o nome do filme. Ele continua narrando a história do filme: "ele pode aparecer em qualquer lugarrrr, para te matarrr, debaixo da cama, atrás da porrrta, dêntro do micrô-ôndas". Imagina! O assassino saindo de dentro do micro-ondas!!!
Aparecem umas cenas horríveis e mal-feitas, um pé de plástico jogado na terra, cheio de mosquitos em volta.
No trailer, dá pra entender um pouco da história, como uma cena em que ele está rindo e coçando seu cavanhaque e ele vai narrando: "dono de uma agência funerária e também.... dono de um açougue!!!". Coisa fina!
Lembro que uma vez teve uma reportagem no Ratinho em que mostrava o Toninho do Diabo em sua cidade natal, Jundiaí, e queria (ou se fingia) se levar a sério, e o Ratinho nervoso com alguém que se dizia seguidor do diabo, e então ele tira um barato com o Toninho e diz: "isso é para vocês verem que esse negócio de diabo não tá com nada, olha o carro dele, um opala todo feio, velho e acabado, e nem consegue fazer essa lata velha pegar". Pois então, esse opalão aparece no filme, e ele tenta fazer o carro pegar umas cinco vezes, até que finalmente ele liga.
Uma hora do trailer ele apresenta o elenco do filme, eu lembro que tem um tal de "Fernando Orrrtega" e também ele fala "Antônio Aparecido Firmino, o Toninho do Diabo".
No trailer dá pra ver algumas cenas impagáveis com muito sangue falso.

Lembrei-me de falar sobre esse filme, porque fiquei empolgado em descobrir que ele está vendendo o seu totalmente inusitado filme "O Ataque dos Pneus Assassinos" em seu site (www.toninhododiabo.com.br). Imagina! Nada de tubarão, aranhas gigantes, extra-terrestres assassinos. O lance aqui são pneus! Um amigo assistiu e disse que os pneus vêm pulando na rua, enconsta nas pessoas e elas caem morta. Deve ser uma obra-prima do cinema trash! Já fiz o meu pedido e estou aguardando!

Além de cineasta, ele também é músico, sendo que "Eu Taco Fogo" é a sua música mais conhecida, que teve seu clipe exibido várias vezes no "Piores Clipes do Mundo", com muito mérito. Toninho do Diabo insiste que sua obra tem um conteúdo de crítica social, e na letra desta música, inclusive, que diz que a Igreja Universal estava querendo pagar um dinheiro pra ele representar em um culto que estava endemoniado.

Sua outra música que pude ouvir foi "Estrimilique", gravada ao vivo no programa do João Gordo, que tem um ataque de riso e pede pra "pelo amor de Deus" para com aquilo senão ele vai morrer de tanto rir. Com um som de tecladinho ridículo, e um coralzinho feminino igualmente cantando o refrão "Estrimilique" (aliás, palavra bastante inusitada e de difícil pronúncia para se fazer um refrão); ele vai contando suas agruras durante sua vida, mais ou menos como aquela música que o Sérgio Mallandro regravou, "O Escândalo" (aquela que tem a letra "conheci um capeta em forma de guri"). Começa com seu nascimento, em que ele fala "levou um tapa do doutor, chorei de raiva, não de dor"; que por causa de sua capa, foi chamado de zorro gay, que arrumar namorada quer dizer alma penada, e no final, à moda do Zé Caixão, fala vários insultos e maldições: "eu taco fogo, eu sou terrível, eu jogo bosta, eu jogo merda". Vale muito a pena procurar suas músicas, apesar de serem raras.

Há uns tempos atrás foi mostrada uma reportagem em que ele teria se convertido, após ter uma visão de Nossa Senhora. Na reportagem, ao invés de estar careca e com sua capa vermelho e preta, está de camisa social e gravata, e não seria mais o Toninho do Diabo, e sim o Bispo Antônio! Porém, depois de um tempo, ele apareceu na Luciana Gimenez, junto com o Inri Cristo (outro freak show), novamente caracterizado como Toninho do Diabo. Perguntaram se a conversão não havia sido pra valer, e ele disse que ele como Bispo Antônio não estava dando dinheiro.

Resumindo, uma figuraça!

Trilha sonora do post:
"Creedence Clearwater Revival" - Creedence Clearwater Revival (1968) - com destaque para "I Put Spell On You"
"Green River" - Creedence Clearwater Revival (1969) - com destaque para "Lodi"

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