Dom Casmurro foi o primeiro livro "adulto" que eu li. Até então, era somente livros da série Vagalume, ou então algum do Stephen King. Foi um marco divisor em minhas leituras.
O livro traz uma dúvida insolúvel: afinal, a Capitu traiu ou não o Bentinho? Existem partidários das duas opiniões, mas ninguém pode ter certeza de nenhuma das duas respostas. E também mostra como a dúvida, neste caso causada pelo ciúme, pode ser corrosiva. Se realmente ela não traiu ele, ele piorou bastante sua vida só por essa desconfiança, teve que ficar longe do filho, por exemplo. Quase o livro inteiro tem um certo lirismo, tudo vai indo bem, quando faltando umas 20 páginas, o próprio Machado de Assis avisa que deste ponto em diante o livro muda de rumo e estamos à beira de um abismo. E realmente, dali pra frente é quase tudo muito trágico e triste. Na obra de Machado de Assis, gosto bastante dos capítulos experimentais, tem um que consiste apenas no seguinte: "Ou eu muito me engano, ou acabo de escrever um capítulo inútil", no "Memórias Póstumas de Brás Cubas" tem um que consiste apenas de muitas reticências. E a análise psicológica tem é bastante interessante; muitas pessoas, principalmente no colegial, quando somos obrigados a ler seus livros, não gostam do Machado de Assis por não ter muita ação; na verdade a ação se passa dentro da cabeça da pessoa.
sábado, 5 de julho de 2008
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